Ponham a mão
Livro: Para Rir e Refletir
Richard Simonetti
Extraído de: http://www.richardsimonetti.
Conta-se que Jesus esteve, recentemente, na Terra.Em suas andanças, entrou num hospital público brasileiro.Passou por um paraplégico que aguardava a consulta, sentado em cadeira de rodas, e disse-lhe:– Levanta-te e anda!O homem ergueu-se e deixou o consultório, empurrando a cadeira de rodas.Alguém lhe perguntou:– Esse barbudo que falou com você é o novo médico?– Sim.– O que achou dele?– Igual aos outros. Não pôs a mão em mim.Podemos situar essa hilária história por exemplo de como as pessoas envolvem-se com a rotina e o imediatismo terrestre, sem se darem conta das dádivas que recebem.Não fazemos a mínima idéia de como benfeitores espirituais nos socorrem e atendem, em múltiplas oportunidades.Amenizam dores, curam males, ajudam-nos a solucionar problemas…***Há o outro lado:Os médicos que, literalmente, “não põem a mão no paciente”.Uma senhora procurou um desses profissionais apressados, rápidos no gatilho, que sacam o bloco para o receituário, mal o cliente põe os pés em seu gabinete.Ao terminar a consulta, disse-lhe:– O senhor devia ser engenheiro.– Por quê? Acha que tenho jeito?– Bem, engenheiro lida com barro, cimento, cal, tijolos… É mais fácil. Está mais de acordo com sua índole. O senhor é frio, distante!– Ora, minha senhora. Há muita gente! Não posso dar atenção a todos.– Pois deveria. Por mais gente atenda, considere que não está lidando com material de construção. As pessoas, meu caro doutor, precisam de atenção, principalmente quando fragilizadas pela doença.Certamente, o médico não mudou de profissão, mas seria bom, para ele e seus clientes, se mudasse a maneira de ser.***Meu pai, que foi enfermeiro, falava de um médico humilde, de pouca cultura e precários conhecimentos, que atendia no posto de saúde onde trabalhava.Não obstante suas limitações, era o mais solicitado e eficiente.Calmo e gentil, tratava com carinho a clientela, consulta sem pressa, paciência de ouvir…Tinha sempre uma palavra de encorajamento, exprimia-se de forma otimista quanto ao diagnóstico e ao prognóstico.Os pacientes saíam animados.Mais que simples receita, levavam um novo alento, a confiança de que seriam curados, algo decisivo em favor de sua recuperação.***Aprendemos com a Doutrina Espírita que várias profissões envolvem preparo do Espírito, antes de reencarnar, a fim de que possa ter um desempenho razoável, desenvolvendo experiências produtivas.Freqüenta escolas no Além, recebe instruções, planeja a própria estrutura orgânica, adequando-a ao exercício da atividade escolhida.Sem dúvida, a Medicina é das mais importantes. Deus quer que sejamos saudáveis, física e psiquicamente, para melhor aproveitamento das experiências humanas.A doença pode ser um acidente de percurso, relacionado à falta de cuidado com o corpo, no presente ou no pretérito.Daí a importância do médico, instrumento de Deus, em favor da saúde humana.Certamente, dentre todas as orientações recebidas ao reencarnar, o médico aprende a lidar com os enfermos, sob orientação do Evangelho, o mais perfeito manual de relações humanas.É preparado para “pôr a mão no paciente”, expressão que resume os cuidados básicos:
- Cultivar a gentileza.
- Examinar sem pressa.
- Ouvir com atenção.
- Exercitar o diálogo.
- Estimular o otimismo.
- Tranqüilizar o paciente.
- Receitar com cautela.
Esses, os valores fundamentais que estabelecerão a empatia entre ambos, com os mais salutares resultados, na erradicação da enfermidade.***Sou apaixonado pela Medicina.Tenho certeza de que fui médico em existência anterior, provavelmente do tipo que fica melhor cuidando do material de construção. Por isso, talvez, carrego a frustração de não ser, desta feita, discípulo de Hipócrates.Evocando minha condição do passado, peço licença aos colegas do presente, para dizer-lhes:Cuidado, senhores doutores!Não malbaratem as abençoadas oportunidades que receberam!Não frustrem os instrutores que os prepararam!Não negligenciem a orientação fundamental:Por Deus! Ponham a mão nos pacientes!
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