quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Ajuda-me a olhar?

Ajuda-me a olhar?:
Diego não conhecia o mar.

O pai, Santiago Kovadloff, resolveu levá-lo para que conhecesse o mar gigantesco.

Viajaram para o sul. O oceano estava do outro lado dos bancos de areia, esperando.

Quando o menino e o pai alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar apareceu na frente de seus olhos.

Foi tanta a imensidão do mar, tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo com tamanha beleza.

E, quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

“Pai, me ajuda a olhar?”



* * *



Nós, pais, estamos no mundo para ajudar nossos filhos a olhar.

Por trás desse me ajuda a olhar, de menino inocente e admirado, estão as grandes questões da educação no lar.

A pergunta do filho poderia ser entendida como: Pai, me ajuda a perceber todas as belezas, as nuances, tudo que ainda não consigo perceber?

Ajuda-me a saber admirar as coisas importantes da vida, você que já viveu tanto e tem tanta bagagem de mundo, tanta experiência?

Ajuda-me a compreender a existência, seus desafios, seus objetivos maiores?

Ajuda-me a não temer os problemas, a aprender com eles, toda vez que resolverem aparecer?

Ajuda-me a caminhar? Sem precisar caminhar por mim, pois tenho que descobrir meus próprios passos, mas, nos primeiros, principalmente, você fica ao meu lado?

E quando eu cair, você vai estar lá? Pois muitas coisas neste mundo me assustam, e preciso de uma segurança, de um lar para onde eu possa voltar.

Ajuda-me a olhar para dentro de mim, pai?

Preciso me conhecer para me amar, para me perdoar e não deixar que a culpa me faça menor.

Ajuda-me a olhar para dentro de mim?

A descobrir minhas potencialidades, minhas habilidades, o que tenho de bom?

Pois se você, pai, disser: “Você pode, meu filho. Você tem capacidade você é inteligente...” Aí sim, vou acreditar.

E, se nessa busca eu encontrar algo que não goste, não suporte, você me ajuda a eu não desistir de mim mesmo?

Por isso preciso de você aqui, ao meu lado, me ensinando a olhar o mundo e a mim com olhos de quem quer a paz e não mais a discórdia, a violência.

Por isso preciso que me ensine a olhar, que me ensine a escolher para que, um dia, quando meus olhos estiverem vendo o oceano, da altura dos seus... eu então possa dizer ao meu filho:

“Vou lhe ensinar a olhar, meu filho, não se preocupe. Segure firme em minhas mãos e vamos olhar o mundo juntos... Sempre juntos.”



* * *



Allan Kardec, codificador da Doutrina Espírita, em O livro dos Espíritos assevera:

Os Espíritos apenas entram na vida corporal para se aperfeiçoar e melhorar.

A fraqueza da idade infantil os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir.

É então que podem reformar seu caráter e reprimir suas más tendências. Este é o dever que Deus confiou a seus pais, missão sagrada pela qual terão de responder.



Redação do Momento Espírita com base em trecho de O livro dos abraços, de Eduardo Galeano, ed. Porto e no item 385 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

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